domingo, 20 de dezembro de 2009

70 Anos em um bater de asas quirópteras

"A consciência humana, é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra imperceptivelmente em nosso quarto"(Augusto do Anjos)

Esta é a primeira de uma série de matérias em comemoração aos 70 anos do Batman. A idéia destes especiais é fazer um diálogo com os leitores sobre o universo do morcego. Antes de seguir com mais detalhes, tenho algumas perguntas para vocês: Como vocês conheceram o Batman? O que o Batman representa para vocês? O que este personagem tem de tão interessante para vocês fazerem coisas... Como ler este texto por exemplo? Este é um E. Nigma que só vocês podem me responder.

Eu não conheci o Batman através dos quadrinhos, não sabia ler e ninguém me dava revistinhas na época porque provavelmente eu iria rasgar em mil pedacinhos, sei lá acho que em uma fase na infância que a gente acha legal destruir as coisas. Não sei se vocês destruiam as coisas quando criança, mas eu era um pestinha diabólico insuportável com instintos destrutivos. Algumas crianças são um problema...


Beach Boys- O Pestinha

Conheci o Batman na TV, com o desenho dos Superamigos, Scooby Doo e principalmente com o seriado da TV dos anos 60 que eu não assisti nos anos 60. Se tinha uma coisa que me prendia na frente da televisão com certeza era este seriado. Tinha muita coisa divertida nele, tinha o Batmóvel que soltava fogo quando saia da Batcaverna, tinha o telefone vermelho onde o comissário Gordon conversava com o Batman, tinha a passagem secreta para Batcaverna, tinha o Batcomputador, o cinto de utilidades, vilões especialmente convidados com planos e armadilhas muito loucas, grandes aventuras e muito mais! Tudo neste mesmo Bat Canal, neste mesmo Bat Horário!!! Sem falar que até hoje a música de abertura não me sai da cabeça, ela é muito fácil de decorar: Batman tananananananana...


Batman- Abertura do seriado

Fui apresentado ao Batman dos quadrinhos e ao Universo DC através da maxisérie Crise nas Infinitas Terras feita por Marv Wolfman e George Pérez. Foi a primeira revista em quadrinhos que me lembro de ter lido, tinha um monte de palavras complicadas que não tinha nem idéia do que significavam na época e tinha muitos personagens que eu não conhecia, mas foi uma das melhores histórias em quadrinhos de super-heróis que eu li. A primeira imagem que me lembro do Batman é o encontro dele com um Flash desesperado falando do fim de toda a existência e desaparecendo diante de seus olhos. A partir daí foi que comecei a acompanhar os quadrinhos da DC e consequentemente do Batman. Posso me dizer que me entreguei à leitura onde meu tempo foi consumido por uma nuvem de antimatéria. Mundos morreram, mundos viveram e depois disso nada mais foi o mesmo.


A partir daí comecei a ler diversas histórias do Homem Morcego, li os primeiros confrontos do Batman contra o Pistoleiro do Esquadrão Suicida, diversas histórias desenhadas pelo Neil Adams, e quando chegou nos anos 90 passei a acompanhar as revistas do Batman sem parar, tenho todas as edições à parir desta década e depois consegui buscar muitas edições antigas e clássicas do morcego. Acho que foi por aí que comecei a ter consciência das coisas e passei a distinguir as editoras Marvel e DC, procurar saber o nome dos autores das histórias, saber mais da linguagem dos quadrinhos e buscar histórias antigas do personagem que já tinha seus 50 e tarará anos. Foi nesta fase que comecei a me interessar em fazer quadrinhos também, eu sempre desenhava alguma coisa e tinha idéias bacanas de histórias. Gostava muito de escrever e ler depois sobre o que escrevia e ouvir as impressões das pessoas sobre o que eu escrevia para ir melhorando a cada texto novo. Tenho um pouco desta mania do Batman de buscar sempre se superar. Peraí que tem um telefone tocando... Não tem nenhum palhaço para atender?


Coringa- Tia do Bátima

Quando surgiu o filme de 1989 eu já tinha um pouco de senso crítico, gostei muito do filme mas não consegui me convencer, nem com a muléstia dos cachorro doido de que aquele baixinho era o Batman. Nem considerava muito aqueles filmes de Tim Burton como sendo do Batman em definitivo, não depois de tudo que li nos quadrinhos, faltava muita coisa das histórias de Denny O'Neil, mas gostava muito dos dois filmes... Tinham o visual muito gótico, uma trilha sonora bacana, um batmóvel blindado e brinquedinhos bacanas, mas o filme era dos vilões! Era o filme do Coringa e depois o filme do Pinguim e da Mulher-Gato! Joguei uns jogos de videogames legais e também tinha uma coleção de tampinhas de garrafa de refrigerante muito maneiras. Foi uma luta para completar, era uma competição grande pelas tampinhas e eu não era o único que queria ter a coleção completa. Curti muito os filmes de Tim Burton, eles tem várias cenas memoráveis mas a melhor lembrança que tenho destes filmes foi ver a Mulher-Gato com visual sadomasoquista em Batman: O Retorno.


Meoow

Outra coisa boa que surgiu destes filmes foi o desenho animado. Qualquer pessoa que não tivesse lido nada sobre Batman, só precisaria assistir ao desenho para entender o Homem-Morcego. E tinham um clima bem sombrio com temáticas mais sérias. É uma experiência muito boa ligar a TV e ver Tália e Ra's Al Ghul falando a palavra detetive. O Batman é o melhor detetive do mundo e as histórias tinham um clima detetivesco. E o desenho também possuía uma coisinha muito fofa que não tinha nos quadrinhos: Arlequina! Este desenho era maravilhoso e era bem melhor que ir ao cinema ver qualquer filme com batcartão de crédito e closes na bunda e mamilos do Batman. Não acreditava que iriam fazer alguma coisa boa depois do que apareceu no cinema. Pensava que podiam fazer um filme do Batman, mas não teria uma carga tão dramática quanto o filme do corvo. Brandon Lee deu a sua vida por este filme, literalmente.


O Corvo- Trailer

Um filme de vergonha do Batman tinha que no mínimo ser tão bom quanto o Corvo. Não acreditava que isto acontecesse, não acreditava em um monte de coisas em minha vida, quanto mais um filme do Batman que preste depois do que foi feito. Foi aí que passei a não acreditar na realização de sonhos e muitas coisas que me desanimaram em seguir em frente. E o tempo passou, e me mostrou que sonhos podem se tornar realidade. Hoje estou trabalhando com quadrinhos, conversando com alguns quadrinhistas que admirava o trabalho na minha infância, me formei em Artes Cênicas e estou novamente escrevendo e querendo saber as impressões dos leitores sobre o que escrevi. E posso escrever com todas as linhas: Batman Begins e The Dark Knight são dois filmes que superaram todas as expectativas possíveis. Finalmente dois filmes do Batman ótimos de se assistir e que agora são padrão de referência para qualquer adaptação de heróis dos quadrinhos. A sensação que tenho ao ver estes filmes é como a que tive ao ver os primeiros filmes de Superman com Cristopher Reeve onde acreditei que o homem podia voar.


Hoje acredito que o Homem-Morcego pode voar. O tempo passou depressa como a batida das asas de um morcego. O Cavaleiro da Trevas completou 70 Anos! Voltou em grande estilo aos cinemas e está em uma ótima fase nos quadrinhos!!Isto é motivo mais do que suficiente para comemorar!!


Batman- The greatest Batusi ever!

O cavaleiro negro das trevas está firme e forte depois destes 70 anos, e ele continua determinado em sua jornada.


Monty Python- The Dark Black Knight

Batman fez a sua primeira aparição em 7 de Maio de 1939 na revista Detective Comics 27 pela National Periodical (hoje DC Comics). Ele foi criado à pedido do editor Vin Sullivan por Bob Kane e Bill Finger (autor não creditado). A idéia era competir com o Super-Homem que estava sendo um sucesso de vendas, Kane fez uns esboços mas o visual era bem distante do que conhecemos, as alterações que definiram o herói que hoje conhecemos foram feitas por Bill Finger. A revista foi um sucesso e até hoje está sendo publicada com histórias do Batman. O logotipo do Batman se tornou um símbolo reconhecido em todo o mundo e a extensão das asas do morcego não se limitam apenas aos quadrinhos. Brinquedos, jogos de videogame, desenhos, RPGs, músicas, séries de TV, radionovelas, filmes... O mundo do Batman é apresentado sob diferentes formas, cada uma com seu sigificado próprio. Batman se tornou uma linguagem própria, com alguns signos reconhecidos universalmente e outros que são reconhecidos imediatamente para os que conhecem o personagem. É só perguntar por que o batsinal brilha no céu ou o que é aquele movimento estranho que John Travolta e Uma Thurman estão fazendo em Pulp Fiction, que lê os quadrinhos pode não reconhecer mas quem assistiu a série de TV sabe que este movimento é a dança Batusi. Com a exposição grande que o morcego tem na mídia e sua grande popularidade a tendência é que, as barreiras se quebrem cada vez mais, com o Batman estando inserido em diversas culturas representado tanto graficamente como conceitualmente.

Batman é um forte produto comercial e possui uma grande riqueza simbólica que já faz parte de nosso cotidiano.


Pulp Fiction- Batusi

Realmente Batman é um personagem forte. Conseguiu escapar dos ataques do Dr. Frederick Wertham que o acusou de pedófilo e também dizia que o Batman causava tendências criminosas e homossexuais nas criancinhas. Como se homossexualismo fosse crime, tem muita gente sem noção neste mundo. Conseguiu escapar do código de ética dos americanos e do marcantismo. Sobreviveu aos piores roteiristas e desenhistas que trabalharam em suas histórias. Sobreviveu até a coisa assustadora que foram os filmes feitos pelo Joel Schumacher.


Ao longo dos anos, Batman provou ser um personagem que pode se adequar a qualquer tipo de história na mão de roteiristas competentes. Ele pode funcionar como personagem cômico, como personagem de histórias de ação e aventura, como se fosse um detetive, um vampiro insandecido louco para sugar sangue humano, um mentor intelectual, justiceiro psicótico, um símbolo de anarquia... Batman é um personagem que evolui e se adapta ao tempo, sempre se atualizando. Nós, os leitores de suas histórias temos nossas preferências: Tem gente que prefere ele em histórias despretenciosas da era de ouro, uns gostam dele na fase cômica da Liga da Justiça, outros acham que a versão do Batman de Frank Miller é a ideal. O gosto está relacionado às respostas das perguntas que fiz no início deste post.

Batman a cada ano fica mais esperto. O personagem passou por um processo de amadurecimento muito grande com o passar do tempo, dificilmente ele consegue ser derrotado como em décadas anteriores. Ele parece ter sempre um plano para tudo, e deve conhecer umas 50 maneiras de derrubar o inimigo, sendo que todas elas matam e uma aleija. Velho, sortudo! Ainda não perdeu seu charme!


Return to Batcave: The Misadventures of Adam and Burt- Batusi

Existem muitas histórias no mundo mítico do Batman. Algumas delas dizem que ele morreu e foi substituído por seu parceiro mirim que usava roupa de duende. Outras dizem que não é nada disso, ele não está morto porque o Batman conseguiu escapar das garras da morte. Tem histórias que falam que ele está contando piadinhas infames junto com a Liga da Justiça cômica. Tem histórias em que dizem que ele ficou velhinho e está atuando firme e forte, ele encenoua própria morte para não ser incomodado. Outras dizem que ele ficou velhinho e passou o manto adiante para um jove que conheceu e agora mora com seu cachorro em sua mansão. Outras contam que ele virou um Lanterna Negro Zumbi e que vai acabar com todos os lanternas existentes no espaço.

E tem uma que tudo na verdade é culpa do editor-chefe da DC: Dan Didio. Ele na verdade queria matar o primeiro Robin, que se tornou Asa Noturna. Como ele não conseguiu devido a um grande número de apelos desesperados ele teve outra idéia: Matar o Batman! Na verdade Didio faz parte da Sociedade Maligna de Vilões Carecas, onde estão vilões consagrados como Lex Luthor e Rei do Crime. No último encontro da sociedade, ele foi humilhado por Joe Quesada, que não só conseguiu acabar com o casamento do Homem-Aranha da maneira mais ridícula do mundo de uma forma que ninguém esperava, como também matou o Capitão América. Quesada também jogou n cara de Didio que só para fazer o mal, resolveu trazer de volta o Bucky e o Capitão América e não é só isso! Depois de uma trama mirabolante e bem arquitetada ele trouxe de volta o Miracleman e aproveitou para vender os posteres que desenhou. Didio ficou inconsolável, triste e se roendo de inveja, mas Grant Morrison surgiu como o Deus Ex Machina e resolveu ajudar Didio a parar com o seu mimimi. Agora Didio segue em seu plano maligno, que vai fazer que ele ganhe tanto dinheiro, que o gordo do Quesada vai ficar com vergonha de aparecer na Sociedade Maligna de Vilões Carecas por uns 1000 anos!!!


Austin Powers- Gargalhada do Dr. Evil

Seguindo com os detalhes do início deste texto, existe muito o que falar sobre o Batman: Filmes, seriados, desenhos animados, aliados, amores, vilões, quadrinhos, personagens inspirados no Batman, fanfilmes, battrecos... Não ia dar pra falar tudo de uma vez em um único post sem ser cansativo (pelo menos para mim). Então resolvi dividir este especial em várias postagens cada uma abordando uma temática diferente sobre o morcego. Este foi o meu modo de apresentar o Batman e convidar os leitores, independente do que gostem ou não do personagem a dialogar. Vou falar muito sobre o Batman e este é o ponto de encontro para conversar. Não sei como nem quando conheceram o personagem, nem si o quanto vocês conhecem, por isto precisamos de diálogo. Dialogar através das palavras escritas é como dançar:


Watusi- Lounge Dancers

Existem pessoas bem mais experientes que você na dança, outras que se movem de um jeito que você nunca imaginava que fosse possível e outras que ficam um pouco travadas ao se expressar corporalmente. Travar é um problema, sua mente cria desculpas para evitar movimentos simples mas essenciais, como mexer os quadris por exemplo. Se você está em um ambiente hostil, com pessoas hostis você vai ter muito receio de fazer qualquer movimento porque isto resultará em uma vaia. Agora se você está em um ambiente agradável repleto de pessoas que te estimulem a dançar, aos poucos, iniciando pequenos movimentos de Watusi e elevando o nível até uma Batusi você já estará dançando sem perceber. Temos níveis diferentes, ritmos corporais diferentes cabe a gente respeitar uns aos outros percebendo estas diferentes nuances. As vezes a gente não quer fazer sempre o mesmo movimento, quer experimentar outro movimento ou queremos brincar misturando um pouco as coisas que aprendemos.


Batman- Pulp Batusi

Cada um tem seu ponto de vista à respeito do personagem. À medida que a gente for dialogando podemos aprender coisas novas e mudar algumas idéias tolas que ficaram presas em nossa cabeça. Até a próxima! Nesta mesma Bat-Hora, neste mesmo Bat-Canal e neste mesmo Bat-Blog!


Que Begins o Bat-Papo!

Namastê!

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