domingo, 11 de setembro de 2011

Scott McCloud- A Carta de Direitos dos Criadores de Quadrinhos e 12 Direções onde os Quadrinhos podem crescer


E aqui estou eu falando novamente de Scott Mccloud no Luz nas Trevas. Como diria o professor Tibúrcio do Rá Tim Bum o assunto de hoje é: Muito Importante!

O Assunto é Muito Importante mesmo classe!

A Trilogia McCloud (tenho os 3 livros)

No livro Reiventando os Quadrinhos, segundo da trilogia McCloud faz um relato de uma reunião de criadores de quadrinhos organizada em 1986 por Dave Sim, Kevin Eastman, Peter Laird e outros autores para discutirem seus direitos. As idéias estavam muito soltas (muitos autores acharam tudo muito confuso) e McCloud se ofereceu em organizá-las. Assim surgiu A Carta de Direitos dos Criadores de Quadrinhos que foi adotada pelo grupo, discutida durante a reunião e é um bom resumo dos debates deste dia. A carta foi disponibilizada integralmente e com anotações do Scott em seu blog pessoal. Compartilho com os leitores deste infame blog o conteúdo da carta traduzido via Joseniz/Google tradutor version para leitura:

Carta de Direitos dos Criadores de Quadrinhos
por Scott McCloud

Para a sobrevivência e saúde dos quadrinhos, reconhecemos que nenhum sistema de comércio e nenhum tipo de acordo entre criador e editor pode ou deve ser instituído. No entanto, os direitos e a dignidade dos criadores em todos os lugares são igualmente vitais.

Nossos direitos, como percebemos que eles sejam e pretendemos preservá-los são:

1- O direito de propriedade plena do que estamos plenamente criando.

2-O direito de controle total sobre a execução criativa daquilo que é plenamente nosso.

3-O direito de aprovação sobre a reprodução e formato de nossa propriedade criativa.

4-O direito de aprovação sobre os métodos pelos quais nossa propriedade criativa é distribuída.

5-O direito de livre circulação de nós mesmos e de nossa propriedade criativa de e para os editores.

6-O direito de empregar Acessoria Jurídica em todas e quaisquer transações comerciais.

7- O direito de oferecer uma proposta para mais de uma editora ao mesmo tempo.

8- O direito de solicitar o pagamento de uma participação justa e equilibrada dos lucros obtidos com nosso trabalho criativo.

9- O direito de contabilidade completa e precisa toda e qualquer receita e os desembolsos relativos ao nosso trabalho.

10- O direito de retorno imediato e completo de nosso trabalho artístico em condição original.

11- O direito de controle total sobre o licenciamento de nossa propriedade criativa.

12- O direito de promover e o direito de aprovação sobre toda e qualquer promoção de nós mesmos e de nossa propriedade criativa.

Outro ponto importante aprofundado no mesmo livro são as 12 direções onde os quadrinhos podem crescer. São elas:

12 Direções para os Quadrinhos
por Scott McCloud

1-Os Quadrinhos como Literatura

2-Os Quadrinhos como Arte

3-Os Direitos dos Criadores

4-Inovação Mercadológica

5-Percepção Pública

6-Escrutínio Institucional

7-Equilíbrio dos Sexos

8-Representação das Minorias

9-Diversidade de Gêneros

10-Produção Digital

11- Difusão Digital

12-Histórias Digitais

E aí novos autores? Estão prontos para reiventarem e desvendarem os quadrinhos?

A carta pode ser lida integralmente na versão original e com anotações do McCloud em seu blog pessoal e os caminhos apontados por McCloud são aprofundados no já citado livro Reiventando os Quadrinhos. Tanto os pontos discutidos na carta como nas 12 direções apontadas por McCloud estão importantes temáticas para discussão sobre como fazer quadrinhos. Uma boa discussão sobre quadrinhos como literatura está no livro Quadrinhos: Sedução e Paixão de Moacy Cirne, onde ele fala deste tema aprofundadamente ilustrando suas teorias com o trabalho de Neil Gaiman em Sandman. Isto sem falar de todo o peso que estão nos livros teóricos de Eisner. Como autor de quadrinhos penso que temos que ampliar a nossa visão sobre esta arte. Conhecer bem os caminhos apontados pelos grandes mestres para traçar o nosso próprio caminho e também saber valer nossos direitos nos organizando enquanto classe para que eles sejam respeitados.

Sim! eu também tenho o livro Do Moacy Cirne! E autografado hohoho!

Tenho seguido o meu caminho como autor e não posso dizer que não tentei fazer nada em relação aos quadrinhos pois juntamente com a República dos quadrinhos tentamos fazer as coisas acontecerem neste sentido. Inicialmente com o surgimento da ABAS e com nossa participação em eventos importantes como o Fórum Potiguar de Cultura (nós demos nossa contribuição na área de quadrinhos juntamente com Lula Borges) onde foram criadas Doze diretrizes para a cultura local e claro, o FAN- Fórum de Arte Sequencial em Natal (onde infelizmente os encaminhamentos não foram encaminhados pelos autores locais e acredite, ainda queriam um segundo fórum sem encaminhar nada do primeiro). A organização da classe e expansão dos quadrinhos é algo difícil de acontecer (até hoje Scott McCloud mobiliza os autores neste sentido para que aconteça) mas não é impossível. É algo que depende única e exclusivamente da nossa atitude como autores de quadrinhos. Eu tenho o péssimo costume de pensar positivamente sobre o assunto e acredito que com o passar dos anos e a mobilização dos autores as coisas mudem (só não sei se estarei vivo quando acontecer). Voltando aos pontos abordados: Eu defendo os quadrinhos como linguagem autônoma da mesma forma que Eisner e McCloud e considero a arte também uma forma de ciência onde o estudo deve ser aprofundado individualmente e separadamente podendo dialogar com outros campos de estudo (a chamada interdisciplinaridade, não consigo imaginar a arte de forma separada da educação). Costumo fugir de discussões infrutíferas relacionadas a patriotismo exagerados, fofocas e conceitos estereotipádos vindos do planeta umbigo. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre os pontos importantes apontados neste post. Deixo algumas perguntas no ar como por exemplo: Que caminho estão seguindo? Ele é de acordo com o que acreditam? Tem apenas 12 caminhos apontados por McCloud neste post, existe algum outro caminho que deve ser citado? Como nós artistas estamos contribuindo para fazer valer nossos direitos e expandindo esta área de conhecimento? Que caminhos são mais urgentes em desenvolver no momento? E que atitudes devemos tomar para que isto aconteça? Aliás que atitudes foram tomadas e tiveram êxito? Para encerrar, recomendo que visitem Scott McCloud em seu blog pessoal neste endereço eletrônico: http://scottmccloud.com/. Lá vocês podem conhecer melhor o trabalho dele, ler a carta citada neste blog e dialogar diretamente com ele sobre o assunto mostrando suas conclusões e questionamentos apontando novos caminhos para o desenvolvimento da Arte Sequencial.

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