sexta-feira, 3 de julho de 2015

Irmã Selma e seu Terço Insano

 

Hoje estive presente juntamente com Hanna Lauria para assistir a peça Irmã Selma e seu Terço Insano no Teatro Alberto Maranhão. Foi uma apresentação em que eu fui sem saber absolutamente nada sobre o que me esperava no teatro. Já Hanna, que tinha me convidado a ir em um dia em que eu não estava muito animado em sair de casa, já conhecia o trabalho do ator Octavio Mendes há um bom tempo. Inclusive, tentou assistir a esta peça anteriormente mas, infelizmente, os ingressos estavam esgotados. Felizmente, hoje a situação foi diferente.


E aqui começa o espetáculo! Palmas!

Octavio Mendes dirige, escreve e atua nesta divertida comédia apresentada no Teatro Alberto Maranhão que contou com um público ansioso pra dar umas boas risadas. A comédia apresenta diversos personagens criados pelo ator, com transições de cenas inteligentemente divertidas com narrativa in off, uma iluminação bem pontual e muita interação com o público. O primeiro personagem, apresentado ao público por uma fantoche da Irmã Selma, foi o ex-gay. Ele é o personagem com figurino e maquiagem mais exagerado e brilhante de todos os apresentados (a maquiagem serve como base para os outros personagens). E é com ele que se inicia a divertida participação do público que segue interagindo junto ao ator até o final da apresentação.

Octaviio Mendes divando!

"Batam palmas senão ela não volta"

Conseguem ver o batom que apenas gays enxergam?

Em seguida conhecemos a Mônica Goldenstein, terapeuta e apresentadora de programa sensacionalista. E é neste quadro que fica mais evidente que o roteiro da peça é muito bem escrita. O humor aqui está mais no texto e subtexto do que nos trejeitos da personagem. E o texto é bem ácido usando de muita ironia para tornar algo sensacionalista em sensacional! A parte em que um dos espectadores liga pra falar com a apresentadora é ótima. Quando assisti lembrei que já tinha visto isso em outro lugar e este lugar foi no programa a Praça é Nossa só que a Mônica era loira na época.

Aqui é Mônica Goldenstein terapeuta e sensacionalista

Vamos ler as cartinhas dos leitores....

Xanaína a atriz, cantora e ex-apresentadora de programa infantil é a personagem que mais se utiliza de expressividade corporal, com um ritmo mais acelerado que os outros, além de muita interatividade com o público. E é esse jogo com o público, esta cumplicidade que faz as coisas fluírem tranquilamente e deixa tudo mais divertido. A 50% siliconada cantou seu sucesso my love e ainda fez uma apresentação de Pole Dance.

Xanaína cantou seu grande sucesso My Love!

Cadê o mastro de Pole Dance?

Como não tem o mastro do Pole Dance o que vem a seguir vai ser engraçado

Já a personagem Maria Botânica é o oposto da Xanaína e se utiliza de movimentos muito lentos, música e muitas pausas e quebras em sua interpretação. O figurino discreto e leve usado pela baiana arretada é um espetáculo à parte.

 
Esta apresentação musical vai demorar um pouquinho...

Por fim surge a personagem que todos estavam aguardando ansiosamente: Irmã Selma! A apresentação é basicamente a mesma do vídeo que a Hanna me apresentou, mas ver tudo de perto com a presença cênica do ator faz toda uma diferença. Aqui o ator se utiliza da tensão criada pela personagem para conseguir boas risadas.

Irmã Selma

É bom você rir das piadas da freira comediante...

O que há de comum em todos personagens, é que o ator utiliza o estereótipo de forma inteligente para fazer um humor bem crítico sobre a nossa realidade. É um tipo de humor que só funciona se os dois lados estão jogando atentos. Ele mistura o humor clássico da Praça é Nossa nos bons tempos junto com o tipo de stand-up que Chico Anysio fazia (e não esta coisa deprimente que vemos hoje) e um tiquinho assim da criticidade dos textos do Casseta e Planeta. Se você não curte nenhum destes tipo de humor (principalmente o da Praça é Nossa), com certeza você não vai curtir a apresentação. Assim que a peça terminou, conversamos um pouco com o ator sobre vários assuntos como a praça, o terça insana, e a apresentação em si. Foi aí que descobrimos alguns itens da cenografia não tinham chegado a tempo para esta apresentação (eles chegaram mais ou menos perto do final da apresentação). Então, quem for assistir a esta peça amanhã, vai ter uma apresentação mais completa. Do meu ponto de vista independente de faltar algumas coisinhas, foi uma apresentação completa e satisfatória pois o ator é um ator completo capaz de manter o público atento e rindo durante toda a apresentação até o final. Falando em final teve um pequeno Plot Twist na apresentação. Enquanto estávamos assistindo a peça tinha um padre e uma freira acompanhando tudo até o final. Quando a peça acabou e boa parte do público foi embora os dois se revelaram como repórteres da TV Ponta Negra e iniciaram uma entrevista com Octavio Mendes.

Hanna Lauria, Octavio Mendes e o infame Autor em Crise

Repórteres da TV Ponta Negra estavam disfarçados de padre e freira

Enquanto Octavio Mendes era entrevistado, Hanna e eu conversamos com fãs da Irmã Selma e assinamos o livro do público. Acho que o único ponto negativo mesmo da apresentação é o espaço do teatro que oferece os mesmos problemas de antes (como a famosa ladeirinha do palco em que muita gente já caiu) e principalmente pouca segurança. O lado de fora do teatro é bastante escuro, sem iluminação, sem policiamento.... Praticamente um deserto e depois das dez da noite dificilmente tem um ônibus ou táxi circulando. A maioria das pessoas que estava na apresentação tinha carro próprio e assim que acabou, pegaram o bequinho de lá. A nossa sorte é que já tínhamos carona pra voltar senão a gente ia penar pra sair dali quiçá sem acontecer nada com a gente.

Irmã Selma e Seu Terço Insano

 Roteiro, atuação e direção: Octavio Mendes

Ano: 2015

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