sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Efeito Borboleta: ELE e a exoneração de Cláudia Magalhães


Não é a primeira, nem segunda ou terceira vez que falo que a política cultural desta província está aplicando o 4F (Falta de interesse em fazer as coisas acontecerem, Falta de organização, Falta de informação e Falta de respeito com os artistas locais) que pode ser extendido indefinidamente como Falta de noção, Falta de preocupação com a sociedade... E por aí vai! É como aquela piada que passava nos trapalhões sobre a casa da família brasileira ser farta. Farta água, farta comida, farta educação... Agora, uma pequena pausa para falar um pouco sobre a Teoria do Caos:

Efeito Borboleta

Segundo o teórico Edward Lorenz o simples bater de asas de uma borboleta pode alterar o curso natural das coisas provocando terremotos e furacões do outro lado do mundo. Esta é apenas uma simbologia inserida dentro da Teoria do Caos que é bem complexa. O que acontece é que a borboleta está batendo asas aqui e os terremotos estão acontecendo neste lado do mundo, nesta terrinha. Natal é como uma cidade pequena do interior onde todo mundo praticamente conhece todo mundo e as notícias e boatos correm rapidamente como fogo em palha seca em um dia ensolarado de verão. Quando ouvi que o ENE se tornaria ELE (o senhor que vai acabar com as meninas suuuperpoderosas, malditas!) já não previa uma coisa muito boa. Com a exoneração de Cláudia Magalhães e a divulgação feita ontem desta carta aberta ao público as coisas ficaram mais claras e vi que a situação era bem pior do que eu imaginava. Antes de qualquer coisa não sou defensor deste ou daquele partido político (hoje todos nós aprendemos que existe banda podre em todos eles). Sou apenas um cidadão preocupado com o desenvolvimento desta pequena província e da melhoria na qualidade de vida de seus habitantes locais. Quando algum político está fazendo um bom trabalho eu digo que está fazendo um bom trabalho, quando algum político está agindo errado eu digo que está agindo errado. E posso afirmar que durante esta gestão política o desenvolvimento cultural da cidade sobre o efeito borboleta, está batendo asas e voando para uma catástrofe natural. Tenho aquela maldita esperança (que espero que morra antes de mim) que fala que as coisas podem melhorar mas penso sempre que a tendência é piorar.E sim, isto tudo é responsabilidade sua também ou acha que suas ações não interferem tanto no mundo quanto o bater de asas de uma borboleta? Abaixo a carta aberta ao público feita por Cláudia Magalhães:

Carta Aberta sobre o antigo ENE, atual ELE

Natal, 19 de fevereiro de 2010

Aos escritores convidados, artistas, produtores culturais potiguares, jornalistas e amigos(as),


Na qualidade de Coordenadora do Núcleo de Documentação (Chefe da Biblioteca Pública Esmeraldo Siqueira), cargo que ocupei de janeiro de 2009 a janeiro de 2010 (quando fui exonerada a pedido), comunico a todos os citados acima que não faço mais parte da coordenação geral do ENE (Encontro Natalense de Escritores), atual, ELE (Encontro Lusófono de Escritores). Esta carta se faz necessária para esclarecer alguns pontos que dizem respeito ao meu relacionamento com o mundo cultural local e a sociedade em geral, aos quais devo prestar contas enquanto ocupante que era de um cargo público.

1- Por convite do então presidente da FUNCARTE, César Revoredo, aceitei a coordenação geral do então ENE. Portanto, auxiliada por um conselho formado por: Carlos Fialho, Petit das Virgens, Margot Ferreira, Lívio Oliveira e Isabel Vieira, foram enviados convites via e-mail (oficial da FUNCARTE, em nome do presidente César Revoredo, com cópia para o meu e-mail) para: José Eduardo Agualusa, Paulo Lins, Marçal Aquino, Arthur Dapieve, Xico Sá, Ziraldo, Pedro Bandeira, Marcelino Freire, Cassiano Elek Machado, Joca Reiners, Mário Bortolloto, Eduardo Bueno, Shiko, Fernando Bonassi, Milena Azevedo, Chico César, Tárick de Sousa, Edney Silvestre, Antônio Cícero, Tarcísio Gurgel, Gabriel O Pensador, Tácito Costa, Clotilde Tavares, Carlos Magno, Nivaldete Ferreira, Isabel Vieira, Túlio Andrade, Danilo Guanais, Buca Dantas, Abimael, Nei Leandro de Castro, Lívio Oliveira, Sérgio Vilar, Diogo Guanabara e Macaxeira Jazz, Agregados Família do Rap, Cordel do Fogo Encantado. Além do contato com diversos artistas plásticos, poetas e jornalistas que contribuiriam para o ENE.

2- Depois de meses de trabalho, com planilha total feita, convites prontos e confirmados com a garantia do então presidente César Revoredo, a prefeita Micarla de Sousa até então não tinha posição nenhuma sobre um possível cancelamento ou adiamento do ENE, o encontro literário estava confirmado para os dias 26, 27 e 28 de novembro de 2009. Contudo faltando poucos dias para o início do ENE, César Revoredo pede exoneração da FUNCARTE e o vice Rodrigues Neto assume.

3- Dias antes, fui chamada para uma reunião na qual César Revoredo, na presença do então vice presidente, Rodrigues Neto e do Chefe de atividades culturais, Josenilton Tavares, me comunica que não teríamos mais o ENE, e sim, o ELE e que este seria realizado em março de 2010. Confirmou o meu nome na coordenação geral do mesmo, onde manteríamos a participação de todos os que foram convidados para o antigo ENE. Desta feita, comuniquei – via telefone – aos escritores convidados a mudança do nome e da data. Além de pesquisar possíveis escritores internacionais para o ELE.

4- Contudo, após assumir a presidência da FUNCARTE, Rodrigues Neto não me procurou para confirmar ou retirar o meu nome da coordenação geral do ELE. Semanas depois, comunico ao vice presidente Gustavo Wanderley a minha decisão de sair da coordenação do ELE, mas de permanecer na função de chefe da Biblioteca Pública Municipal Esmeraldo Siqueira, visto que várias atividades por mim desenvolvidas na gestão de César Revoredo estavam em andamento ou com editais publicados, o que detalharei nos próximos tópicos.

5- Semanas depois, diante do silêncio apresentado, posto que o presidente Rodrigues Neto não teve nenhuma conversa oficial sobre o ELE e nem sobre outros assuntos do meu núcleo e também observando pela imprensa a conduta e a atuação da presidência, tomei a decisão de pedir exoneração em janeiro de 2010.

6- Uma vez tendo pedido exoneração surpreendi-me com contatos de escritores locais e nacionais, artistas e jornalistas me perguntando sobre o ELE. Percebi, então, que a presidência não comunicou a ninguém que eu não apenas não era mais a coordenadora do Núcleo de Documentação como também não estava mais na coordenação do ELE, antigo ENE.

7- Artistas e produtores culturais envolvidos em projetos que iniciei me procuram por e-mail e por telefone para saber detalhes dos mesmos. Projetos como o CONCURSO DE REDAÇÃO -“O que é ser um cabra das Rocas”, CONCURSO DE FOTOGRAFIA ESCRITORES POTIGUARES com o tema “Escritores potiguares vivos” foram negligenciados, e pior, não houve comunicação aos artistas envolvidos. No dia da Poesia, o qual fui coordenadora geral, O então presidente César Revoredo com a presença da prefeita Micarla de Sousa, comunicou a todos os presentes não somente a continuação dos CONCURSOS CÂMARA CASCUDO E OTHONIEL MENEZES, mas também, além da premiação em dinheiro, a publicação dos livros dos vencedores. Infelizmente, estes dois concursos também foram negligenciados.

8- Na gestão de César Revoredo o meu núcleo ficou responsável pela nova revista cultural da FUNCARTE, A “Ginga”. Ao longo de meses de trabalho, a revista, por meio do editor contratado, Sérgio Vilar com a sua equipe de jornalistas produziu 100% da revista que estava pronta para ir pra gráfica. Com a mudança da presidência a revista teve o lançamento adiado para março de 2010, eu soube disso através do editor Sérgio Vilar, pois nada me foi comunicado oficialmente.

9- Diante disso, por respeito a todos os que estavam envolvidos nesses projetos, aos artistas e amigos, torno todos estes fatos públicos, de maneira a evitar dúvidas, mal entendidos e conversas de bares e corredores que tanto empobrecem e aviltam a cultura natalense. Saio da FUNCARTE com a sensação do dever cumprido, com coragem de me olhar no espelho todos os dias e com o respeito do mundo artistico e cultural, bem mais precioso que consegui nestes meses de FUNCARTE.

Cláudia Magalhães

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