domingo, 11 de outubro de 2009

Aniversário do Quadrinhista das Trevas e Luz


26 anos, se a minha existência durar 100 anos estou no segundo quarto de vida agora. Durante este longos 26 anos de Luz e Trevas muitas coisas aconteceram. Este ano está sendo muito especial para mim, estou produzindo bastante profissionalmente e fiz grandes parcerias que estão ajudando a aperfeiçoar meu trabalho e/ou me motivando a seguir em frente. Sei que a vida as vezes me deixou irritado e aborrecido mas ela também pode proporcionar dias inesquecíveis e maravilhosos. E durante meu aniversário recebi um grande presente (na verdade vários pequenos presentes memoráveis que se tornaram um único presente). Foi um dia em que saí e me diverti de uma forma que eu não esperava. Preciso de mais dias assim em minha vida.


Durante meu aniversário, fui assistir um filme(na verdade uma série em quatro partes) na quarta mostra de cinema e direitos humanos na américa do sul. O evento surgiu em 2006 para celebrar a declaração universal dos direitos humanos. A cada ano que passou, a quantidade de filmes aumentou e hoje a mostra está acontecendo em 16 capitais brasileiras, entre elas Natal (o local em que assisti esta sessão especial foi no auditório do SEBRAE-RN). Cada filme está diretamente associado aos direitos humanos. Trago comigo está ligado ao direito à memória e a verdade/Combate à tortura/Direito à vida e a integridade física.


Trago comigo conta a história de Telmo Marinicov, um diretor de teatro fora de atividade que após uma entrevista sobre a luta armada durante o período da ditadura, busca através do teatro uma forma de recuperar as lembranças de um passado esquecido. Toda esta busca vem de uma frase "trago comigo toda a luta e toda a traição" que foi a única coisa que conseguiu recordar com clareza no período de seis meses em que agiu como guerrilheiro. Depois, enquanto estava na cama com a Mônica(brincando de teatro) ele se recorda de um nome: Lia. Após ser provocado pelo seu amigo Lopes, telmo resolve voltar à ativa e usar a improvisação dos atores na encenação teatral como uma forma de recordar e descobrir quem é Lia, como foi seu passado e o que aconteceu. A série além de mostrar esta trama principal, mostra tramas paralelas e intercala com depoimentos reais de pessoas que sofreram torturas e viram pessoas sumirem durante o período da ditadura.





Mônica querendo saber sobre Lia.









Muita calma nesta hora!







Queria lembrar do que esqueci...









Preciso mesmo ficar aqui?








Marche!







Ei eu ainda tô aqui, isto é tortura!







Quer dizer que este tal de Coringa usa uma pintura de guerra?









O que aconteceu no passado de Telmo Marinicov?









Quem é Lia?







E agora já podemos tirar ele daqui? as fotos acabaram!



A série foi escrita por Thiago Dottori, com argumento em parceria com Matias Mariani(que é o co-produtor da série) e Tata Amaral. A história é ótima e uma das melhores sacadas do roteiro, é a intercalação com os depoimentos reais. Cada um dos quatro capítulos foram trabalhados individualmente com cuidado e trataram de forma coerente e crítica diferentes momentos deste período (1964-1985). É uma série/denúncia que fala sobre o elefante branco da ditadura militar sem ser forçado. A direção artística de J.C.Serroni e direção de Tata Amaral casou perfeitamente e pude ver uma grande história que trabalhou muito bem os elementos teatrais. Fiquei hipnotizado tanto pela história que é emocionante, bem escrita e com atuações competentes como pelas referências e citações do universo teatral no qual estou bastante acostumado. A série foi apresentada em forma de projeto pela diretora Tata Amaral para o programa Direções III, realizado em parceria do SESC com a TV Cultura e foi exibida durante o período de 01 a 04 de Setembro na TV Cultura. Acredito que a série captou bem o que é a experiência humana que o teatro proporciona e ao mesmo tempo fez uma discussão crítica sobre o período da ditadura. Não cheguei a assistir na TV, mas gostei muito de ter assistido nesta mostra. Outra coisa que ainda não comentei é que a sonoplastia também estava impecável, é raro assistir uma série de TV que dê tanta atenção para tanta coisa e consiga apresentar um resultado encantador de se ver como este. Seria muito bacana se lançassem este trabalho em DVD futuramente. Espero ver mais iniciativas como esta da diretora Márcia Lellis de Souza Amaral, tanto na TV, como no Cinema.

Trago Comigo

Ano: 2009
Diretora: Tata Amaral


A Trupe Reunida(como estão no teatro, provavelmente vai dar merda!)

Junto com a programação da mostra recebi o para ler, ver, ouvir e agir! Um kit falando da campanha nacional contra homicídios de crianças e adolescentes no Brasil coordenada pelo músico Frans van Kranen. Ele que escreve o texto "Celebrando a vida" que fala sobre os homicídios de crianças no Brasil. Ele também é o cantor das músicas do CD da campanha: " In Memorian", o CD também conta com a participação dos músicos: Paulinho Barcelos, Zebra Marcondes, João Maldonado, Daniel Fraga, General Netho e a Escola Estadual "Professora Leontina Silva Busch" na música L'Adieu. Esta é a lista das músicas de para ouvir In Memorian:


01- In dreams
02- We have com to conquer you
03- No sign at all
04- Hush my love
05- Life
06- Stillness
07- Remember me
08- Shadows
09- Calma, amor
10- Sadness
11- Loneliness
12- Losing tune
13- L'Adieu

As músicas falam sobre solidão, vida, morte, distãncia, perda e uma atmosfera de despedida. Não cheguei a eleger uma preferida porque todas são muito parecidas. Todas são melancólicas e melodiosas. O artista Francisco Helder de Oliveira produziu diversos quadros para campanha pra ver. No geral tanto o filme quanto a campanha dialogam com o público na busca de que atos como tortura e homicídio não se repitam. E para o bem da humanidade, é bom que não se repitam mesmo. Já vivemos em um mundo cruel demais.

Sombras. Arte de Francisco Helder de Oliveira

Em meu aniversário, gostaria de agradecer à todas as pessoas que conheci e que marcaram de forma significante minha vida. Converso e conheço muita gente em meu dia-a-dia mas nem sempre consigo dialogar com todos. Estou usando este pequeno espaço apenas para dizer que os laços de amizades quando são verdadeiros, são eternos e que não se preocupem com minha distância. Agradeço aos velhos amigos e aos novos que estou tendo o prazer de conhecer agora. Obrigado por tudo. Espero que as coisas que acontecem em minha infame vida melhorem com o passar do tempo e eu possa aproveitar com vitalidade estes três quartos de vida que estão vindo pela frente. Namastê!


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