Hoje estive presente no Teatro Alberto Maranhão para prestiagiar a encenação da peça Exilados, encenação do único texto de James Joyce para o Teatro. Enquanto me encaminhava para o teatro encontrei vários amigos/artistas e fiquei sentado na última fileira de um teatro quase completamente lotado. Tive duas desvantagens ao ficar na última fileira: Uma era em conseguir ouvir o que os atores estavam dizendo e a outra foi ouvir o som da porta de vidro deslizando a todo momento e fazendo um barulho tão incômodo como uma professora arranhando um quadro negro.
A encenação começou pontualmente às 20h e apresentou uma grande história sobre relacionamentos humanos envolvendo três personagens. Devo admitir que o melhor da encenação foi o texto de James Joyce, envolvendo adultério e amizade, que conseguiu me prender a atenção desde o início e me impediu de ir embora porque a encenação em si estava muito cansativa (por isto a porta de vidro abria e fechava a todo o tempo, as pessoas estavam entediadas). A cenografia estava ótima! curti o figurino e os elementos de cena como as correntes. Só acho que elas poderiam ter uma finalidade maior em cena do que pontuar o texto como foi apresentado. Os atores falavam, falavam e falavam e o barulho das correntes servia como um ponto final ao texto. A simbologia das correntes se perdeu em meio ao texto e a atuação muito verbal dos atores. Tudo estava girando ao redor do texto e não deu muita liberdade para trabalhar a cenografia que estava ótima. Quanto a atuação posso afirmar que a pessoa que estava mais presente em cena foi a Rebeka. Ela mesmo sem falar nada conseguia prender a atenção e não era pela sua beleza era pela atuação mesmo! Mesmo sem falar nada ela dizia muita coisa nas entrelinhas e foi isto que faltou no outros dois atores do elenco. Eles estavam verbalizando as palavras como se estivessem fazendo uma leitura mas o corpo não estava presente. Era como se ele fosse uma casca vazia. Os gestos não condiziam com a fala, não era tão audível o que verbalizavam e as nuances e ambiguidades do texto se perderam sem a expressão corporal adequada. E olha que eu não conhecia o texto, imagine só o que os fãs Freaks de James Joyce que conhecem o texto muito bem disseram. Isto tornou a encenação muito cansativa e entediante.
Gostei do desfecho com o tapa olhos em homenagem ao James Joyce, só senti falta de um discurso tão impactante como a ação de colocar o tapa-olho no final. O discurso final enfatizava a confusão mas não consegui ver toda a confusão dos personagens na atuação. A iluminação estava competente mas ao longo da encenação se mostrou confusa e isto ficou muito evidente no final com os atores procurando a luz como se estivessem em Lost. Ao ir embora, encontrei duas pessoas que fizeram Cosplay dos personagens de Ulisses super animadas e várias pessoas emputecidas com o que viram. Acho que tudo isto já é um bom começo de evolução para o Bloomsday em Natal, que bom que alguém resolveu fazer alguma coisa este ano durante o feriado irlandês. Espero estar no ano que vem fazendo outra resenha sobre uma encenação de alguma das obras de James Joyce no Bloomsday. Estou na torcida para que este evento evolua a cada ano e tenha cada vez mais uma diversidade artística. A encenação foi cansativa, mas consegui me divertir e aproveitar bem o Bloomsday.
Exilados
Direção e Adaptação: Alex Beigui
Produção: Tatiana Morais e Leila Tabosa
Iluminação: Ronaldo Costa
Elenco:
Alex Beigui
Rebeka Carozza
Rummenigge Medeiros
Como hoje é Bloomsday, aí vai U2 novamente:
U2- Sunday Bloody Sunday
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