A série Luz nas Trevas é uma grande história sombria e iluminada ao mesmo tempo. A história é composta por uma série de histórias fechadas aparentemente sem conexão entre os personagens, mas no decorrer da série irão ocorrer ligações entre histórias e personagens. A história não é focada em um personagem fixo, mas alguns personagens podem aparecer em mais de uma história, não necessariamente a história seguinte. São histórias curtas, longas, individuais ou em série apresentando variados gêneros de histórias (cotidiano,terror, noir, ficção científica... tem até comédia romântica). Hoje irei falar do processo criativo da história Nas Trevas. Uma das coisas que aprendi com Will Eisner é que tudo que está nos quadrinhos conta como imagem, inclusive o texto. Então o texto aqui tem uma grande importância para o entendimento da história fazendo parte da narrativa. A narrativa que utilizo aqui não usa imagens... pelo menos as imagens desenhadas com arte-final. Tudo se limita a nove quadros escuros de mesmo tamanho. Esta é a primeira história em que eu mesmo fiz a arte. Como sabem, um dos motivos de não desenhar as histórias da série Luz nas Trevas é porque eu não acho o meu traço adequado para as histórias. Nesta história os quadros escuros deram conta do recado. Os quadros escuros são o ponto de vista do personagem, mas ele não representa a cegueira. Ao contrário, ele serve para construção de imagens em nossa mente à partir das sugestões visuais do texto. Basicamente, o texto funciona como uma audiodescrição. Mas ele tem um grande diferencial: Ele descreve o que está além do que os olhos enxergam e possui uma forte carga emocional. Eu cheguei a fazer o experimento de pedir para alguém fechar os olhos enquanto eu lia o texto para ela. A reação foi a mesma que vi ao presenciar as pessoas lendo a história, e também a mesma quando criei o texto. E esta é uma história curta que me deixa muito feliz de ter realizado. Não só pelas reações emocionais, mas porque esta é uma das histórias mais íntimas e pessoais que realizei. Dedico ela carinhosamente ao meu falecido pai. Até o próximo meio-que-em-off!
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