Quadrinhos em Ação é uma revista digital informativa sobre quadrinhos brasileiros sobre o gênero Super-Heróis. Carlos Henry, autor da revista, desenvolveu um belo trabalho editorial, a diagramação das matérias está caprichada, o texto precisar ser melhor trabalhado em futuras edições(com uma atenção maior e revisado de preferência) e o melhor ela não tem uma intensa campanha ufanista(acho ridículo isso), com xenofobia(junte com ufanismo e fica pior ainda), ou com complexo de inferiodade ao que é feito de super-heróis lá fora(aqueles argumentos do tipo nunca o Brasil vai conseguir fazer uma revista de super-heróis decente, tudo uma merda e daí vai ladeira abaixo) tem uma ou outra coisa que incomoda mas no geral os assuntos mais interessantes ficaram bem apresentados. É uma boa iniciativa bem direcionada ao tema mesmo e é ótimo para quem não conhece estes trabalhos que em sua maior parte circulam em fanzines e possuem acessibilidade limitada.Para acompanhar as revistas Quadrinhos em Ação, visite o seguinte endereço eletrônico e tirem suas próprias conclusões sobre a revista: http://www.quadrinhosemacao.blogspot.com/.
Gosto do gênero super-heróis e gosto das abordagens feitas no Brasil com esta temática em personagens como o Gralha, Mulher-Estupenda e Necronauta por exemplo. Acredito que boas histórias de super-heróis no Brasil podem ser feitas, temos ótimos roteiristas e desenhistas que não devem em nada para algum artista estrangeiro, tudo depende do modo como as histórias são apresentadas ao leitor. Se publicassem uma história da personagem Velta, por exemplo, seguindo uma nova abordagem e se ela fosse escrita por Gian Danton e desenhada por Eddy Barrows eu compraria com certeza porque iria ler uma boa história, com ótimos desenhos sabendo que cada centavo investido na compra foi bem gasto.
Velta por Eddy Barrows
Uma coisa que eu não curto é Xenofobia e patriotismo exagerado. Nunca achei isto bom em nenhuma parte do mundo e evito fazer trabalhos ou tentar dialogar com estas pessoas, elas são muito fechadas e dificilmente estão abertas à sugestões. Também evito as pessoas que agem como cães ladrando a todo momento palavras agressivas cheias de preconceitos estabelecidos pelos seus próprios umbigos contra quadrinhistas se intitulando críticos. Tanto os Ufanistas quanto os críticos agem como crianças imaturas que não sabem dialogar e se limitam a ficarem agindo como se estivessem em uma rinha de galos um tentando matar o outro com argumentos que não lavam para um caminho frutífero. Respeito quem me respeita e dialogo com quem está disposto a dialogar. Se alguém age como cão, eu trato como um cão(momento Pai Mei de Kill Bill). Estamos em pleno século XXI e acredito que se alguém está certo de uma coisa e quer dialogar não precisa agir feito cão tentando me morder. Ainda somos seres civilizados e educados né?
Vejo algumas pessoas que não conseguem diferenciar artista de trabalho e outras que não conseguem separar amizade de trabalho. As duas incapacidades de diferenciação são nocivas. Generalizações tendem a piorar ainda mais as coisas. Não é por causa de um ou dez trabalhos com este gênero sejam ruins, que todos serão. E dar tapinha nas costas dizendo que está legal não adianta. Uma atitude de amigo mesmo é apontar os erros da história e estimular o artista a aprimorar seu trabalho.
A arte é um grande jogo onde é preciso apresentar as regras ao público para dialogar e melhorar o trabalho. Ele precisa ver se foi falta, se não foi, se aquele cara não tá sabendo jogar direito. Se tem dez na área, um na banheira e ninguém no gol e você conhece bem as regras do jogo você sabe o que está acontecendo e não vai ficar falando em mal gosto, xingando os jogadores e suas respectivas mães. Assim como o público, os jogadores precisam passar bola, dar dicas, apontar o que não está funcionando, criar estratégias para vencer barreiras e driblar até chegar a marcar um gol. Felizmente conheci ótimos jogadores, se fosse contar a história de todos eles vocês iriam se empolgar até mais do que as histórias de seus personagens simplesmente porque são muito críveis e humanas(um ponto que sinto falta nas histórias deste gênero). Lembrem-se que nem tudo é culpa dos jogadores, as vezes acontece de ter um cartola por trás do jogo, um juiz ladrão, um campo sem condições de jogar ou não tem um público para assistir o jogo.
Uma parte do livro das regras do jogo Eisner escreveu, e é complicado trabalhar com quem nunca jogou pelas regras e quer reiventar o que já foi inventado(paciência é uma virtude). É como alguém que quer fazer um trabalho artístico, cultural e folclórico que não sabe quem foi Luiz da Câmara Cascudo. Se você não estuda as regras e falta aos treinos vai ser difícil estar preparado para fazer um bom jogo que dá gosto de ver. E os quadrinhistas que trabalham com o gênero humor no momento são o time mais representativo em quantidade e qualidade, os trabalhos autorais também são um time forte, os trabalhos de terror e eróticos já foram um grande time, mas tem pouca gente agora. Todos estes gêneros ganharam seus títulos e campeonatos. Se os jogadores do gênero super-heróis não começarem a treinar vão ser rebaixados para última divisão e lá ficarão sem obter nenhum campeonato e sem ganhar nenhum título.
É preciso produzir material de qualidade para este novo mercado, encarar as histórias de super-heróis com mais seriedade e dentro de nossa realidade apresentando abordagens interessantes. Procurar dar um passo à frente na busca de uma quantidade significante de revistas variadas em bancas, livrarias e escolas. Ficar acomodado sem buscar o que quer e ficar reclamando que não tem espaço é inútil. Existe espaço para trabalhos com qualidade, e felizmente o nível da qualidade das hqs nacionais apresentada nas livrarias e comics shops é alto. A quantidade é que está limitada, e o acesso restrito à pouca pessoas com poder aquisitivo suficiente pra comprar. Aquele garoto que saía pra comprar los três amigos nas bancas ou que comprava várias revistas em quadrinhos nacionais para ler não existe mais nos dias de hoje. Não existem mais Gedeones Malagolas com diversos trabalhos diferentes com quadrinhos em bancas. É um novo tempo, e o mercado está mais competitivo do que nunca, com os preços altos as pessoas passaram a ser mais seletivas em suas escolhas e a qualidade do trabalho vai pesar muito nesta escolha. Não dá mais pra comprar tudo que está nas bancas. É só pensar na maçã da metáfora de Scott Mccloud e escolher as que apresentam mais conteúdo e não ficam só na superfície.
Vou usar como exemplo de uma abordagem diferente com super-heróis nacionais o trabalho que idealizei em equipe para heroína Cabala da revista Brado retumbante(estou usando este exemplo mais porque estive diretamente envolvido com o processo). A personagem estava seguindo uma linha de história e teve uma abordagem diferente nesta. A história fugiu do senso comum do pula-pula e raio-raio e passou a ter um clima sombrio e detetivesco. A personagem não usava o uniforme colorido destacado soltando magias a todo momento, não enfrentou um demônio ou supervilão, muito menos teve em sua capa uma imagem com uma pose de combate, a capa tinha uma imagem que era de acordo com a narrativa da história. E cada elemento foi pensado em auxiliar esta narrativa. Era uma história mais violenta, com mortes e que não iria agradar a todos, mas nada colocado na história foi feito de forma gratuita. Tudo foi pensado, planejado e baseado na realidade para criação da história. É basicamente uma história com assassinatos e um "vilão" misterioso responsável pelas mortes, que está dentro do contexto da proposta da história. E o principal da história não foi a revelação do vilão e sim o porquê de suas ações e outros subtextos apresentados na história. Ali que está a grande mensagem. Tem uma página que fui diretamente responsável nesta história, uma escolha minha acatada pela equipe: A página em que se revela o assassino misterioso.
Não era nescessário nenhum recordatório nesta página, não era preciso colocar balões de texto e também não era preciso colocar uma onomatopéia com o grito da personagem. As imagens falavam por si só e o impacto emocional ficava maior com o leitor ouvindo o som dentro de sua cabeça ao ler as imagens desenhadas por Wendell. Este recurso é utilizado em outras linguagens artísticas como o teatro(que estou muito bem familiarizado) e achei que caberia na página, o que acabou funcionando muito bem para narrativa. O desfecho da história não é muito animador, sem lição de moral(estilo He-Man) e a heroína festejando vitória no final. Resumindo, a maior preocupação aqui foi contar uma boa história lidando com temáticas delicadas com algo bem mais profundo que derrotar o vilão do dia. Já tem uns dois anos que fiz esta história, acho difícil voltar a trabalhar com a personagem novamente mas fiz um bom trabalho nesta revista. É possível fazer histórias mais sérias com super-heróis, tudo depende da forma que você aborda os personagens(Técnico tente levar os jogadores do time do humor para o seu time não o contrário senão seu time vai ficar com um jogador a menos).
Não me acomodei continuo escrevendo outras histórias com este gênero e estou aguardando serem publicadas, são temáticas diferentes com abordagens diferentes e todas elas cumprem a função de contar uma história utilizando a linguagem dos quadrinhos. Acredito que o tipo de abordagem depende muito do personagem, não adianta forçar um tipo de história que não tem nada a ver com o personagem porque o criador impôs isso. Estou sendo bem pago pelos trabalhos que escrevo, mas ainda existe um longo caminho para viver apenas de arte no Brasil. Escrevo histórias de super-heróis mas não fico limitado a este gênero as histórias em quadrinhos oferecem infinitas possibilidades de histórias a serem contadas. Se não existe mercado agora quero pelo menos ter dado minha contribuição e passado a bola com categoria para que as novas gerações marquem vários gols. É como diz a música Storytelling da banda escocesa Belle e Sebastian: " You' are just a Stoytelling, You're not trying to scape responsability. If we believe you then you're succesful. But you don't make claims of verity".
Sou apenas um contador de histórias e se vocês conseguiram acreditar em mim, fui bem sucedido. Não estou fazendo nenhuma afirmação de veracidade.
Vejo algumas pessoas que não conseguem diferenciar artista de trabalho e outras que não conseguem separar amizade de trabalho. As duas incapacidades de diferenciação são nocivas. Generalizações tendem a piorar ainda mais as coisas. Não é por causa de um ou dez trabalhos com este gênero sejam ruins, que todos serão. E dar tapinha nas costas dizendo que está legal não adianta. Uma atitude de amigo mesmo é apontar os erros da história e estimular o artista a aprimorar seu trabalho.
A arte é um grande jogo onde é preciso apresentar as regras ao público para dialogar e melhorar o trabalho. Ele precisa ver se foi falta, se não foi, se aquele cara não tá sabendo jogar direito. Se tem dez na área, um na banheira e ninguém no gol e você conhece bem as regras do jogo você sabe o que está acontecendo e não vai ficar falando em mal gosto, xingando os jogadores e suas respectivas mães. Assim como o público, os jogadores precisam passar bola, dar dicas, apontar o que não está funcionando, criar estratégias para vencer barreiras e driblar até chegar a marcar um gol. Felizmente conheci ótimos jogadores, se fosse contar a história de todos eles vocês iriam se empolgar até mais do que as histórias de seus personagens simplesmente porque são muito críveis e humanas(um ponto que sinto falta nas histórias deste gênero). Lembrem-se que nem tudo é culpa dos jogadores, as vezes acontece de ter um cartola por trás do jogo, um juiz ladrão, um campo sem condições de jogar ou não tem um público para assistir o jogo.
Uma parte do livro das regras do jogo Eisner escreveu, e é complicado trabalhar com quem nunca jogou pelas regras e quer reiventar o que já foi inventado(paciência é uma virtude). É como alguém que quer fazer um trabalho artístico, cultural e folclórico que não sabe quem foi Luiz da Câmara Cascudo. Se você não estuda as regras e falta aos treinos vai ser difícil estar preparado para fazer um bom jogo que dá gosto de ver. E os quadrinhistas que trabalham com o gênero humor no momento são o time mais representativo em quantidade e qualidade, os trabalhos autorais também são um time forte, os trabalhos de terror e eróticos já foram um grande time, mas tem pouca gente agora. Todos estes gêneros ganharam seus títulos e campeonatos. Se os jogadores do gênero super-heróis não começarem a treinar vão ser rebaixados para última divisão e lá ficarão sem obter nenhum campeonato e sem ganhar nenhum título.
Samicler é um ótimo profissional e ser humano, um guerreiro que enfrentou uma sentença de morte anunciada e venceu
É preciso produzir material de qualidade para este novo mercado, encarar as histórias de super-heróis com mais seriedade e dentro de nossa realidade apresentando abordagens interessantes. Procurar dar um passo à frente na busca de uma quantidade significante de revistas variadas em bancas, livrarias e escolas. Ficar acomodado sem buscar o que quer e ficar reclamando que não tem espaço é inútil. Existe espaço para trabalhos com qualidade, e felizmente o nível da qualidade das hqs nacionais apresentada nas livrarias e comics shops é alto. A quantidade é que está limitada, e o acesso restrito à pouca pessoas com poder aquisitivo suficiente pra comprar. Aquele garoto que saía pra comprar los três amigos nas bancas ou que comprava várias revistas em quadrinhos nacionais para ler não existe mais nos dias de hoje. Não existem mais Gedeones Malagolas com diversos trabalhos diferentes com quadrinhos em bancas. É um novo tempo, e o mercado está mais competitivo do que nunca, com os preços altos as pessoas passaram a ser mais seletivas em suas escolhas e a qualidade do trabalho vai pesar muito nesta escolha. Não dá mais pra comprar tudo que está nas bancas. É só pensar na maçã da metáfora de Scott Mccloud e escolher as que apresentam mais conteúdo e não ficam só na superfície.
Vou usar como exemplo de uma abordagem diferente com super-heróis nacionais o trabalho que idealizei em equipe para heroína Cabala da revista Brado retumbante(estou usando este exemplo mais porque estive diretamente envolvido com o processo). A personagem estava seguindo uma linha de história e teve uma abordagem diferente nesta. A história fugiu do senso comum do pula-pula e raio-raio e passou a ter um clima sombrio e detetivesco. A personagem não usava o uniforme colorido destacado soltando magias a todo momento, não enfrentou um demônio ou supervilão, muito menos teve em sua capa uma imagem com uma pose de combate, a capa tinha uma imagem que era de acordo com a narrativa da história. E cada elemento foi pensado em auxiliar esta narrativa. Era uma história mais violenta, com mortes e que não iria agradar a todos, mas nada colocado na história foi feito de forma gratuita. Tudo foi pensado, planejado e baseado na realidade para criação da história. É basicamente uma história com assassinatos e um "vilão" misterioso responsável pelas mortes, que está dentro do contexto da proposta da história. E o principal da história não foi a revelação do vilão e sim o porquê de suas ações e outros subtextos apresentados na história. Ali que está a grande mensagem. Tem uma página que fui diretamente responsável nesta história, uma escolha minha acatada pela equipe: A página em que se revela o assassino misterioso.
Não era nescessário nenhum recordatório nesta página, não era preciso colocar balões de texto e também não era preciso colocar uma onomatopéia com o grito da personagem. As imagens falavam por si só e o impacto emocional ficava maior com o leitor ouvindo o som dentro de sua cabeça ao ler as imagens desenhadas por Wendell. Este recurso é utilizado em outras linguagens artísticas como o teatro(que estou muito bem familiarizado) e achei que caberia na página, o que acabou funcionando muito bem para narrativa. O desfecho da história não é muito animador, sem lição de moral(estilo He-Man) e a heroína festejando vitória no final. Resumindo, a maior preocupação aqui foi contar uma boa história lidando com temáticas delicadas com algo bem mais profundo que derrotar o vilão do dia. Já tem uns dois anos que fiz esta história, acho difícil voltar a trabalhar com a personagem novamente mas fiz um bom trabalho nesta revista. É possível fazer histórias mais sérias com super-heróis, tudo depende da forma que você aborda os personagens(Técnico tente levar os jogadores do time do humor para o seu time não o contrário senão seu time vai ficar com um jogador a menos).
Não me acomodei continuo escrevendo outras histórias com este gênero e estou aguardando serem publicadas, são temáticas diferentes com abordagens diferentes e todas elas cumprem a função de contar uma história utilizando a linguagem dos quadrinhos. Acredito que o tipo de abordagem depende muito do personagem, não adianta forçar um tipo de história que não tem nada a ver com o personagem porque o criador impôs isso. Estou sendo bem pago pelos trabalhos que escrevo, mas ainda existe um longo caminho para viver apenas de arte no Brasil. Escrevo histórias de super-heróis mas não fico limitado a este gênero as histórias em quadrinhos oferecem infinitas possibilidades de histórias a serem contadas. Se não existe mercado agora quero pelo menos ter dado minha contribuição e passado a bola com categoria para que as novas gerações marquem vários gols. É como diz a música Storytelling da banda escocesa Belle e Sebastian: " You' are just a Stoytelling, You're not trying to scape responsability. If we believe you then you're succesful. But you don't make claims of verity".
Sou apenas um contador de histórias e se vocês conseguiram acreditar em mim, fui bem sucedido. Não estou fazendo nenhuma afirmação de veracidade.
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